2 de Maio de 1912
Celeste. Celeste. Celeste. Celestial. Esta semana cruzei-me algumas vezes com ela. Continua a ter o ar indiferente de sempre. Aérea, talvez não me veja ou nem se aperceba da minha existência. Vi-a a tomar chá com a mãe. Pegava na chávena distraidamente e queimou-se. Depois ficou muito tempo com a chávena na mão a olhar para o chá. Vi-a também a entrar em casa. Se estiver na janela da sala consigo ver a porta da casa dela. E vi-a no jardim, a ler. E viu-me, olhou para mim. Tive dúvidas que fosse para mim que estivesse a olhar, mas era mesmo. Sorri-lhe, mas talvez não o devesse ter feito. Parece-me que a envergonhei. E não a vejo há uns dias.
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