28 de Abril de 1912
Lembro-me perfeitamente de me ter apaixonado. Sei exactamente em que momento foi. Ele passava pelo jardim, acompanhado de dois amigos. Eu estava sentada a ler, com as minhas irmãs Alda e Teresa, num banco à sombra. Tinha um porte confiante, que me agradou. Andava e falava, com os passos ao sabor das palavras e da entoação que lhes dava. Sentiu-se observado e olhou para mim. Foi este o momento em que me perdi de amores. Senti borboletas na barriga e senti que mudava de cor. Toda eu devia ser uma palete dos mais criativo dos pintores.
Sorriu frontalmente para mim e eu desviei o olhar e voltei ao meu livro. Sentia-me envergonhada por ter sido apanhada de modo tão impróprio e estava irritada com ele, por ter sorrido daquele modo que me denunciou perante os amigos. Irritada por não poder olhar livremente.
O resto do dia passei entre o perdida e o irritada.
No dia seguinte disse às minhas irmãs que não as acompanhava ao jardim por estar com dor de cabeça. Estava furiosa com ele.
Alfredo, era o nome dele.
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